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Familiares no velório dos adolescentes |
Por Revelino Fernandes
Hoje definitivamente está sendo um dia estranho. Sou consumido por uma amarga e revoltante tristeza. O motivo? Uma dor. Mas não uma dor qualquer, de algum ferimento, ou de um possível corte que tenha sofrido, capaz de rasgar alguma célula ou algum tecido que compõe meu ainda útil corpo. A dor que me consome é interna e talvez não seja especificamente minha, talvez esteja sendo transmitida por uma daquelas mães, ou por um daqueles pais que até agora devem está se perguntando o porquê de tanta crueldade? Ou ainda estão presos em seu íntimo, orando e implorando a Deus para que tudo aquilo não ultrapasse as margens de um pesadelo.
A dor e a revolta que por hora me aflinge não tem explicação e nem tento procurar alguma, sei que não encontrarei. Os especialistas, embora tentem consolar e afagar o coração dos familiares daquelas 12 crianças, tentam suas investidas, mas as explicações dadas por eles não dão respaldo à ação cometida por um insano capaz de assassinar 12 brasileirinhos (assim referidos pela presidenta Dilma Roussef) que nada tinham a ver com seus problemas psíquicos, ou da sua reclamada falta de carinho afetivo. Explicação nenhuma, seja ela científica, política ou religiosa justifica tamanha crueldade advinda das mãos de um ser humano.
Acredito que a dor a qual me refiro também esteja presente no anseio de cada pessoa de bem, que necessita de um espírito para sobreviver. Pessoas que, talvez não saibam, até mesmo por que ninguém deseja saber ou sentir a intensidade desse tipo de dor, mas que se solidarizam e pedem a um Deus maior do que essas tragédias para que insira algum composto de paz nas veias que alimentam o coração desses familiares, como um calmante capaz de implantar a paz de espírito, por hora ausente de nossos corações, e principalmente dos deles.
Tenho certeza que hoje, nesse dia estranho, eu aqui, a frente deste computador, tentando expressar e compartilhar essa dor, não sou o único. Posso crer que você também está comovido e revoltado com o fato, continuamente repercutido na mídia. Tenho certeza que você que está no trabalho, em casa, e principalmente em alguma escola não consegue, assim como eu, compreender o que faz um de nossos semelhantes, convivente junto a nós, agir de tal forma, de encontro à crianças que nada tem a ver com a insanidade que consome as vidas mais medíocres, como era a dele!
Por muitas vezes tentamos nos esquivar da dor. É uma ação natural. Mas em muitos momentos ela é inevitável, capaz de abalar até o mais forte dos corações. O problema é que, em muitos casos, a pior dor é causada em virtude não de nossas atitudes, mas provocada por outrem que nem se quer conhecemos, as vezes estão próximos. Essa dor é mais cruel. Aquela que provoca o desespero, a loucura. Você olha para os lados e tenta não acreditar no que presencia. É tarde! Alguém, sem o mínimo da sua permissão, já colocara uma curva nos trilhos da sua vida, o destinando para o lugar mais obscuro do seu íntimo, sem o mínimo de dó, não importando saber quem o seja.
Voltando a falar de especialistas, eles os rotulam como um louco. Hoje, ao ver os feeds do meu Facebook, encontrei o desabafo de uma grande amiga que discordava desse rótulo, afirmando que louco não tem a capacidade de planejar e executar algo tão aterrorizante, de maneira extremamente fria, premeditada e cruel. Essa mesma amiga disse ainda que, se tivesse a oportunidade de fazer a necropsia do assassino, iria perfurar todo o corpo dele, em resposta a uma das exigências feitas na carta que ele deixou. Na carta ele pedia que não perfurassem seu corpo.
Eu, por minha vez, respondi, e volto a repetir aqui, que de nada adiantaria perfurar, massacrar, ou desfigurar o corpo dele. Afinal de contas já está sem vida e de qualquer forma será decomposto. O mais importante já não existe mais, que é o espírito. Se é que ele tinha.
Em continuidade a minha resposta, eu disse que os “loucos” também são racionais. Pensam, calculam, de maneira doente, fria e cruel. Esses são os verdadeiros loucos. Por que aqueles pobres e, em sua maioria, inofensivos portadores de necessidades especiais, com ausência de alguma coordenação motora, que não os permitem conviver em sociedade com as “pessoas normais” e precisam de um hospício para viver, não são loucos, como rotulam os psiquiatras.
Loucos são aqueles que exterminam com os planos de crianças e adolescentes da maneira brutal e aterrorizante, como ocorreu em Realengo. Loucos são aqueles que destroem os planos das famílias e implantam essa dor sádica, incontrolável, contudo suportável, é preciso suportar!
Hoje, neste dia 8 de abril de 2011, um dia após o massacre que exterminou e pôs fim aos sonhos de 12 adolescentes em uma escola no Rio de Janeiro, eu destino aos familiares as minhas condolências e rogo para que Deus console os vossos corações!
BEM ITERESSANTE O TEXTO, GOSTEI PARABENS VC TEM FUTURO.....
ResponderExcluirA dor e a angustia que toma conta de você é a mesma que toma de conta do coração de cada brasileiro.
ResponderExcluirA dor e a revolta nessas horas são inevitáveis, só nos resta agora rezar pelas famílias, para que possam encontrar uma forma de superar esse trauma.
Sem mais o que falar, tuas palavras são dignas de um brasileiro que sente o drama e a indignação desse massacre em Realengo.
ResponderExcluirParabéns pelas palavras e que elas possam mudar o mundo de alguma forma.
realmente o que esses pais, maes, irmãos e amigos estão passando só DEUS pra aliviar essa dor que consome esses corçoes......
ResponderExcluirelizabeth....
melhoras a tods
S2
Rave concordo com as tuas palavras, é dificil falar isso, mas é a realidade, estamos vivendo o fim do mundo, onde a crueldade, o sofrimento e as consequências dos impactos ambientais estão ai para todos que queiram ver.
ResponderExcluirComo pode existir tanta maldade??????
Giordanna.
flw tudo parceiro...
ResponderExcluirRicardo!
Não existe nada no mundo que justifique tal crueldade, penso que a humanidade está carente de DEUS, o nosso dia a dia é tão corrido que nem se quer olhamos para o lado, muitos estão oculpados de + olhando para o seu próprio umbigo.
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